A deficiência visual é caracterizada por uma variedade de definições e terminologias, o que torna sua compreensão um desafio complexo. Existem dois tipos principais de perda de visão: adquirida e congênita.
A perda de visão adquirida ocorre quando o indivíduo perde a visão em algum momento da vida devido a doenças, acidentes ou outras causas. Esse indivíduo, entretanto, tem a vantagem de já ter memórias visuais, o que pode ajudar na adaptação à nova realidade. Sua imaginação torna-se uma aliada importante nesse processo.
Por outro lado, a deficiência visual congênita ocorre quando a pessoa nasce sem a capacidade de enxergar. Nesse caso, ela não tem noção de cores, imagens ou movimentos corporais, pois nunca teve experiências visuais.
É importante salientar que a deficiência visual se manifesta em um espectro amplo, desde a baixa visão, onde a pessoa ainda possui algum grau de funcionalidade visual, até a cegueira total. Essa diversidade exige abordagens individualizadas e personalizadas, reconhecendo as particularidades de cada indivíduo e suas necessidades específicas.
A Dança como Ferramenta de Inclusão para Deficientes Visuais
A dança é uma forma universal de expressão que transcende barreiras culturais e físicas, permitindo que as pessoas se conectem e se comuniquem de maneira mais profunda e significativa. Para os deficientes visuais, a dança oferece uma oportunidade única de explorar o movimento e a música, desafiando as limitações impostas pela falta de visão e revelando um mundo de possibilidades. Este post explora o universo da dança adaptada para deficientes visuais, destacando os benefícios físicos, emocionais, sociais e técnicas utilizadas.
Para Cazé e Oliveira (2008, p. 295): “A dança, para o deficiente visual, possibilita a superação de limites impostos pela cegueira, ampliando as possibilidades motoras com a execução de movimentos conscientes. Ela promove a melhoria do equilíbrio e da locomoção; da socialização, da realização pessoal e propicia uma vida ativa; além disso, a dança aumenta a compreensão da noção espaço/temporal e a noção de consciência corporal pela concretização da imagem de si mesmo, podendo ser um espaço de descobertas e consolidação de novos padrões motores que possibilitam novas aprendizagens e a aquisição da autonomia.”
Para os bailarinos com baixa visão, a dança se torna uma oportunidade de explorar e otimizar seus recursos visuais remanescentes, utilizando a luz, as cores e os contrastes como elementos coreográficos. Já para aqueles em cegueira total, o foco se volta para a propriocepção, a cinestesia e a audição, explorando o espaço, o ritmo e a musicalidade como guias na expressão corporal.
Para facilitar a inclusão no universo da dança, diversas técnicas são utilizadas e coreografias adaptadas permitindo aos alunos desenvolver uma melhor percepção espacial, equilíbrio e coordenação.
- Instruções verbais detalhadas: A comunicação clara e precisa se torna fundamental para a construção da coreografia. Os professores descrevem minuciosamente cada movimento, utilizando linguagem descritiva e sensorial, quebrando barreiras e convidando o aluno a visualizar os passos em sua mente.
- Toque físico como guia: O toque do professor serve como um guia para o aluno. Através do toque, os movimentos são demonstrados e corrigidos, permitindo que o aluno explore o espaço e domine a coreografia com segurança e fluidez.
- Coreografias adaptadas: A criatividade é essencial para a criação de coreografias que atendam às necessidades de cada aluno. Os professores exploram diferentes elementos, como o ritmo, a musicalidade e a propriocepção, construindo coreografias que valorizam as habilidades e potencialidades de cada bailarino.
- Dança em grupo: A dança em grupo promove a interação social, a colaboração e o desenvolvimento da autoconfiança. Ao dançarem juntos, pessoas com e sem deficiência visual constroem laços de amizade, celebram a diversidade e quebram barreiras através da arte.
Benefícios físicos e mentais da dança para deficientes visuais
A dança para deficientes visuais transcende a mera expressão artística, tornando-se um caminho para o desenvolvimento físico pleno. A prática regular de dança oferece benefícios significativos em diversos aspectos:
- Condicionamento físico: A dança aumenta a resistência cardiovascular, combatendo o sedentarismo e promovendo mais energia para o dia a dia.
- Fortalecimento muscular: Movimentos específicos fortalecem os músculos de todo o corpo, proporcionando maior força e tônus muscular.
- Flexibilidade expandida: A amplitude dos movimentos na dança aumenta a flexibilidade das articulações, prevenindo lesões e proporcionando mais agilidade.
- Coordenação motora: A dança aprimora a coordenação motora, tornando os movimentos mais fluidos e precisos, beneficiando a locomoção e o equilíbrio no dia a dia.
- Percepção espacial aguçada: Movimentos repetitivos e o ritmo da música contribuem para o desenvolvimento da percepção espacial, fundamental para a orientação e deslocamento seguro em diversos ambientes.
- Equilíbrio aprimorado: A dança desafia e fortalece o equilíbrio, reduzindo o risco de quedas e aumentando a segurança na rotina.
- Saúde cardiovascular fortalecida: A prática regular de dança estimula a circulação sanguínea, prevenindo doenças cardíacas e promovendo um coração mais saudável.
- Estilo de vida ativo e saudável: A dança incentiva um estilo de vida mais ativo, combatendo o sedentarismo e contribuindo para o bem-estar geral.
Mais do que um corpo em movimento:
Os benefícios da dança para deficientes visuais se estendem além do físico, impactando positivamente a saúde mental e a qualidade de vida:
- Maior autoestima e autoconfiança: Superar desafios e adquirir habilidades na dança eleva a autoestima e a autoconfiança, combatendo sentimentos negativos e promovendo uma imagem corporal mais positiva.
- Redução do estresse e da ansiedade: A dança libera endorfina, um hormônio que promove o bem-estar e reduz os níveis de estresse e ansiedade.
- Socialização e interação: Aulas de dança em grupo proporcionam oportunidades de socialização e interação, combatendo o isolamento e promovendo a inclusão social.
- Maior qualidade de vida: A combinação de todos esses benefícios contribui para uma maior qualidade de vida, com mais saúde, felicidade e realização pessoal.